História de Empresas Familiares: Biscoito Caseiro D´Lícia

A fábrica já comercializa os produtos em Alagoas, Pernambuco, Sergipe e Bahia

Ciclos – Instituto de Empresas Familiares

O lanche queridinho das festinhas dos alagoanos é debutante. Há 15 anos, a Biscoito Caseiro D’Lícia enche a mesa de inúmeros nordestinos sempre que alguém pede quitutes gostosos para um encontro em família, dos amigos ou de parceiros de trabalho. São 10 tipos de produtos, que variam do mais doce, como o conhecido Beijo de Caboclo, às opções mais salgadas, com sabores de queijo, cebola, alho, bacon e até batata doce. A fábrica de biscoitos, que nasceu e até hoje é localizada no município de Penedo, tem distribuição não só para Alagoas, mas também para Pernambuco, Bahia e Sergipe.

O clã responsável pelo sucesso do empreendimento é a família Malta, composta por dona Ângela, a fundadora, e os filhos Lícia, que nomeia a empresa, e Alexandre. Esse segundo é o diretor comercial e administrativo de todo o negócio, enquanto a irmã cuida da representação comercial especificamente em Maceió, onde possui outro empreendimento, e a mãe, da produção industrial. De acordo com Alexandre, a etapa formal e profissional da empresa começou com a força dos três membros.

“Entramos no projeto juntos no fim da década de 1990, quando eu tinha recentemente concluído o curso de Engenharia. Antes disso, os biscoitos eram vendidos pela minha mãe de maneira informal. De 1999 pra cá, tivemos, pelo menos, seis consultorias do Sistema Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), sobre tecnologia, gestão, normas etc. Depois da profissionalização do negócio, fomos crescendo aos poucos”, relatou o diretor.

HISTÓRIA

Tudo começou quando dona Ângela teve um princípio de depressão ao ter perdido um de seus filhos em um acidente. Os outros dois moravam na capital, cerca de 150 km de distância da matriarca, para concluir os estudos e ela precisava de uma válvula de escape. A produção dos biscoitos, receitas da mãe de Ângela e avó dos meninos, foi a saída. Antes mesmo da empresa, em 1997, começou a produzí-los em casa e vendê-los para o mercadinho de uma amiga. Com o sucesso das vendas, foi solicitado a ela que produzisse ainda mais tipos.

Em 1999, a empreendedora resolveu vender seus produtos em Maceió. Nessa época, se aliou ao Sebrae pela exigência dos grandes supermercados com as práticas de fabricação. Os biscoitos continuaram caseiros, feitos à mão e sem conservantes, mas com um rígido controle industrial de qualidade e higiene. A empresa aderiu ao Programa Alimento Seguro (PAS), em parceria não só com o Sebrae, mas também com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). A microindústria passou da cozinha de casa, com duas funcionárias, para uma garagem toda equipada e depois, em 2004, para um prédio próprio.

Atualmente, trabalham na Biscoito Caseiro D’Lícia em torno de 40 funcionários e a produção, que no início era de dez pacotes por dia, atinge a marca de 3 mil no mesmo período. A empresa fornece para supermercados, padarias e lojas de conveniência e possui cerca de 500 pontos espalhados pelo Nordeste. A novidade do momento, de acordo com Alexandre, são as embalagens econômicas, com menor quantidade do produto, que abriu portas também para as vendas em cantinas e bancas de revista.

RECONHECIMENTO

Os biscoitos da infância de Lícia e Alexandre foram vencedores, por três vezes, da etapa estadual do prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas, o MPE Brasil, que avalia e reconhece conceitos inovadores e boas práticas de gestão em companhias desse porte. De acordo com Alexandre, dona Ângela está com 70 anos de total vigor e só pensa em estender ainda mais essas boas práticas. Recentemente, a indústria foi um dos 16 projetos selecionados em um edital da Agência de Fomento de Alagoas (Desenvolve) para investir na equipação do próprio negócio.

“Acredito que a nossa fórmula do sucesso esteja no respeito que temos ao trabalho e perfis uns dos outros. Minha mãe sempre foi ‘pé no chão’, já os filhos, mais sonhadores. Temos optado pelo meio termo e deixando sempre as vaidades de lado”, concluiu Alexandre.